“Parte da Jornada é o fim” já dizia Tony Stark desde o primeiro
trailer de Vingadores: Ultimato
(Avengers Endgame, 2019) e esta pequena frase é a síntese absoluta do que o
novo filme dos heróis da Marvel traz até nós. O fim do caminho é, em si, parte
dele. É na linha de chegada que percebemos a jornada, o quanto percorremos, o
quanto superamos, perdemos e mudamos. É ao final da maratona que nos deixamos
vencer pelo cansaço e somos acolhidos pelos louros da recompensa. É o momento
de cuidar das feridas que foram abertas no percurso, deixar algumas coisas para
trás e se nutrir novamente para uma nova corrida que certamente virá, mas não
será agora. O fim da linha, além de ser o tempo para tudo isso, também é o
momento da medalha, do troféu, da entrega daquilo pelo qual você tanto esperou.
Vingadores: Ultimato é isso, um fim, e traz consigo tudo o que um bom desfecho
traz. Se Vingadores: Guerra Infinita (2018) foi uma catarse, Ultimato é nada
menos do que uma apoteose, uma consagração. Parte da jornada é mesmo o fim, e o
nosso troféu têm 3h de duração na sala de cinema. Vem comigo tranquilo que esqueci os spoilers
em casa.
Este texto referente ao novo filme dos irmãos Joe e Anthony
Russo (de Vingadores: Guerra Infinita e Capitão América: Guerra Civil) vai
analisar pouquíssimo aspectos técnicos. O jeito certo de falar desta produção é
com sentimentos e não com tecnicalidades. Os efeitos são de cair o queixo, a
ação é simplesmente avassaladora, a direção é precisa e o roteiro faz o que eu
julguei improvável: nos surpreende. Dentre uma chuva de vazamentos, fotos,
spoilers e 1001 teorias, mesmo com toda a ansiedade que estávamos, no fundo
parecia que tudo o que veríamos nos filme já era meio óbvio. Muita coisa é, de
fato, principalmente para os nerds mais engajados – como eu – que consomem horas
de conteúdos em blogs, canais e sites sobre o futuro daqueles heróis. Mas – e ainda
bem – que MUITA coisa passou ilesa mesmo nas melhores teorias. Há um sem-número
de referências aos 11 anos de Universo Marvel, o retorno de MUITOS personagens
que não víamos há anos, boas lembranças dos mais de 20 filmes do estúdio e
também reviravoltas inesperadas - tudo isso mantendo a história coesa, tensa,
empolgante e sem nada fora do lugar.
Não é fácil fazer uma crítica como essa sem estragar
surpresas. Consigo dizer apenas algumas informações isoladas como o péssimo uso
que fazem de um personagem como o Hulk de Mark Ruffalo que infelizmente segue abobalhado
e, aqui, sem nenhuma função pratica no roteiro – COMO VOCÊ ME DEIXA O INCRÍVEL
HULK INÚTIL, MARVEL? COMO? Eu particularmente não gosto dos rumos que o Thor
(Chris Hemsworth com seu timing cômico no máximo) toma, mas são fiéis à trajetória
do herói construída até ali. Mesmo assim, há muito espaço para transbordarem coisas boas
que afogam estes problemas sem dificuldade.
Ultimato lida com gravidade e
emoção com as conseqüências reais do final de Guerra Infinita. Viúva Negra
(Scarlett Johansson, digna!), Gavião Arqueiro (Jeremy Renner que retorna fantástico),
Capitão América (Chris Evans) e Tony Stark (Robert Downey Jr.) se encarregam de
entregar em atuações perfeitas o peso daquela tragédia e a fúria para desfazer
o mal que fora feito. O destaque principal, evidentemente vai para os dois
heróis símbolos daquilo tudo e tanto o Homem de Ferro quanto o Capitão encarnam
em si uma década de construção de universo. Os dois personagens evoluíram, enfrentaram
suas diferenças, questionaram suas lealdades, e revisitaram suas próprias histórias
e escolhas de uma forma tão completa e apaixonante, que não há mais para onde
crescer – e isso tem conseqüências...
Vingadores: Ultimato é um presente para cada um de nós. Eu
entendo quem reclame da complexidade da sua trama ou da longa duração de 3h,
mas há histórias que queremos saber a serem contadas e eventos que queremos ver
a serem mostrados. Nada sobra. Nada cansa. É a entrega de tudo que sempre
quisemos ver naquele universo, o clímax da nerdice que leva às lágrimas os fãs
que viveram isso tudo com aqueles personagens.
Há espaço para rir – mesmo que tenha achado este um pequeno ponto fraco
do filme – e para se emocionar MUITO – eu destaco os reencontros entre
personagens, feitos de forma tenra e bonita, sem pressa, como ter um sonho bom com
alguém que amamos. Estamos diante, sem a menor dúvida, do MAIOR filme de heróis já feito. Um amigo comparou a sensação do filme àquela que sentimos no episódio de Power Rangers que junta todos os rangers vermelhos em batalha... só que multiplicado por 3 mil. É bem isso.
Levanta, fuja de spoilers e vá assistir Vingadores: Ultimato
– deixa Tia Cremilda em casa dessa vez porque esse filme foi feito pra você.
Esteja pronto para não ir ao banheiro durante um bom tempo, se divirta vendo o
que você já esperava, surte vendo o que você nem imaginava e esteja com coração
e mente preparados para dizer adeus. Parte
da jornada é o seu fim, e o futuro, pode vir sem a menor pressa de chegar.
Coeficiente de Rendimento: 4,8/5
👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼😍
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