16 de jul. de 2018
Por Duda Conti

Textinhos da Duda / O Ônibus das 13h10





Eu devia ter notado que aquela segunda-feira não seria como outra qualquer, quer dizer, parecia que seria, afinal eu estava seguindo a rotina de sempre. 

Acordei de manhã junto com o despertador, levantei da cama fazendo cara feia, até porque ninguém levanta feliz ás 6h30 da manhã de uma segunda-feira. Fui ao banheiro, escovei os dentes, me arrumei, peguei minhas coisas e uma maçã, roubei um beijinho da minha mãe e sai para o colégio.

O dia pareceu como outro qualquer, as mesmas aulas cansativas de sempre (porque eles sempre colocam as piores aulas na segunda?), as mesmas pessoas que eu já estava cansado de ver. Como eu disse, parecia um dia normal, mas eu estava redondamente enganado.

Fiquei depois do horário no colégio adiantando alguns deveres e quando cheguei ao ponto de ônibus o ônibus dás 13h00 que eu sempre pegava tinha acabado de sair, tentei correr para pegá-lo mais sem sucesso, ainda tive que disfarçar minha vergonha e esperar até ás 13h10 quando vinha o próximo ônibus, sentei no ponto e esperei. 

Assim que o ônibus chegou eu subi, passei pela catraca e foi quando eu a vi e que bom que eu perdi o ônibus dás 13h00. 

Ela era a personificação da perfeição, talvez não para os outros mas para mim era! Seus cabelos cacheados e rebeldes chegavam até sua cintura, ela não tinha o corpo dessas garotas de revistas mais era o corpo dela e isso já bastava para ser incrível, ela não devia ter mais do que 1.50 de altura já que seus pés não apoiavam por inteiro no chão. Ela estava com a cabeça apoiada no vidro, ouvindo músicas e com o olhar distante, e por um instante eu desejei que aqueles olhos castanhos estivessem olhando para mim.

Não sei quanto tempo eu fiquei parado olhando para ela, só sei que alguém esbarrou em mim e reclamou por eu estar atrapalhando a passagem, foi quando ela olhou para mim, eu fiquei vermelho, ela sorriu (o sorriso mais lindo que eu já vira) e eu me afundei em um banco qualquer ao lado de uma senhora cheia de sacolas. 

Toda vez que o ônibus parava eu dava um jeito de olhar para trás para ver se ela ainda estava lá. Ela só foi descer um ponto antes do meu.

Aquela não foi uma segunda-feira normal porque algo dentro de mim ganhou grandes proporções e a partir daquele dia eu só pegava o ônibus das 13h10.

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